segunda-feira, 14 de julho de 2014

REFERENCIAL TEÓRICO


PAULO FREIRE / CONSCIENTIZAÇÃO
Por isso a alfabetização não pode se fazer de cima para baixo, nem de fora para dentro, como uma doação ou uma exposição, mas de dentro para fora pelo próprio analfabeto, somente ajustado pelo educador. Esta é a razão pela qual procuramos um método que fosse capaz de fazer instrumento também do educando e não só do educador e que identificasse, o conteúdo da aprendizagem com o processo de aprendizagem...(FREIRE, 1979, p. 72)
        “Conscientização" é  definida como o processo no qual as pessoas atingem uma profunda compreensão, tanto da realidade sócio-cultural que conforma suas vidas, quanto de sua capacidade para transformá-la. Ela envolve entendimento praxiológico, isto é, a compreensão da relação dialética entre ação e reflexão. Freire propõe uma abordagem praxiológica para a educação, no sentido de uma ação criticamente reflexiva e de uma reflexão crítica que seja baseada na prática. Através da Conscientização, o principio que concebe educação como reflexão sobre a realidade existencial busca articular essa realidade com as causas mais profundas dos acontecimentos vividos, procurando inserir sempre os fatos particulares na globalidade das ocorrências da situação. A aprendizagem da leitura e da escrita passa a ser uma releitura do mundo antes da leitura da palavra. O método Paulo Freire estimula a alfabetização/educação dos adultos mediante a discussão de suas experiências de vida entre si, os participantes da mesma experiência, através de tema/palavras gerador(as) da realidade dos alunos, que é decodificada para a aquisição da palavra escrita e da compreensão do mundo. O diálogo é o elemento chave onde o professor e aluno são sujeitos atuantes.
        No processo de aprendizado, o alfabetizando ou a alfabetizanda é estimulado (a) a articular sílabas, formando palavras, extraídas da sua realidade, do seu cotidiano e das suas vivências. Nesse sentido, vai além das normas metodológicas e lingüísticas, na medida em que propõe aos homens e mulheres alfabetizandos que se apropriem da escrita e da palavra para se politizarem, tendo uma visão de totalidade da linguagem e do mundo.
Pelo exposto acima vimos que são dois os princípios do método: politicidade  e dialogicidade do ato educativo.

           Baseado neste pressuposto, cada Espaço de Conhecimento tem inicio com a leitura e análise de um texto que serve como pretexto para que se  estabeleça o diálogo, porque:
a)    O diálogo deve acontecer em torno de um tema comum às consciências do (a) professor (a) e seus alunos e alunas;
b)    É preciso desenvolver as condições para que o diálogo se estabeleça;
c)    Cabe ao (à) professor (a) a iniciativa de desencadeá-lo;
d)    O (a) professor (a) não pode subestimar a capacidade dos seus alunos;
e)    É necessário considerar todos capazes para o diálogo;
f)     É preciso desafiar constantemente o pronunciamento do outro;
g)    É importante aceitar a condição de ser “aluno (a) com alunos (as)”;
h)   Ao mesmo tempo o (a) professor (a) necessita ter um domínio profundo dos conteúdos e dominar as formas mais eficazes de ensinar para (re) alimentar e (re) orientar o diálogo.


 EMILIA FERREIRO / PSICOGÊNESE DA LEITURA E DA ESCRITA 
     A psicogênese da Leitura e da escrita é um estudo de marcante contribuição para a constituição de uma nova concepção de alfabetização  e para o processo pedagógico-didático da alfabetização.
      Emilia Ferreiro e Ana Teberosky realizaram pesquisas sobre o processo do conhecimento da escrita e da leitura em crianças e adultos não escolarizados  e descobriram que o alfabetizando ao tentar compreender o que a escrita representa  e como representa, vai formulando hipóteses explicativas para suas dúvidas. O alfabetizando vai compreendendo que a escrita representa a fala e que há um sistema, uma organização própria para escrever. À medida que vai encontrando respostas parciais, vai construindo o conhecimento da escrita e da leitura. A formulação dessas hipóteses, permeada por conflitos cognitivos e a passagem de um nível a outro do conhecimento da escrita é o momento da gênese, da origem de um novo conhecimento. Surge então uma nova etapa na compreensão no processo da escrita.
Ferreiro identificou os seguintes níveis:
·         Pré-silábico – o aluno acredita que pode escrever com grafismo, desenhos, números e sinais gráficos como modelo de letra cursiva.
·         Silábico: - o aluno percebe que  cada som tem um sinal gráfico
·         Silábico-Alfabético – é a transição entre o nível silábico e o alfabético e inicio da fonetização da silaba.
·         Alfabético – o aluno escreve como fala ou seja foneticamente. Neste nível o aluno atingiu a compreensão do sistema da escrita alfabética.
MAGDA SOARES / LETRAMENTO
        Para Magda, para alfabetizar é necessário se preocupar com o contexto social em que os alunos estão inseridos. Um ponto importante para letrar, diz Magda, é saber que há distinção entre alfabetização e letramento, entre aprender o código e ter a habilidade de usá-lo. Ao mesmo tempo que é fundamental entender que eles são indissociáveis e têm as suas especificidades, sem hierarquia ou cronologia: pode-se letrar antes de alfabetizar ou o contrário. Para ela, essa compreensão é o grande problema das salas de aula e explica o fracasso do sistema de alfabetização.
       Para os professores que trabalham com alfabetização, Magda recomenda: “Alfabetize letrando sem descuidar da especificidade do processo de alfabetização, especificidade é ensinar ao aluno e ele aprender” O aluno precisa entender a tecnologia da alfabetização. Há convenções que precisam ser ensinadas e aprendidas, trata-se de um sistema de convenções com bastante complexidade. O estudante (além de decodificar letras e palavras) precisa aprender toda uma tecnologia muito complicada: como segurar o lápis, escrever de cima pra baixo e da esquerda para a direita; escrever numa linha horizontal, sem subir ou descer. São convenções que os adultos letrados acham óbvias, mas que são difíceis para os não letrados.

ERASMO NORBERTO FERREYRA / PERCEPÇÃO E EXPRESSÃO.
     A teoria expressa por Ferreyra está embasada na percepção e na expressão que são os dois  postulados básicos do processo ensino e aprendizagem, posto que “ uma das tarefas básicas da educação é constituída, sem margem de dúvidas, pela promoção e estimulo do desenvolvimento e pelo aperfeiçoamento das funções de percepção da pessoa, para que esta consiga apoiar seu processo  de apreensão, compreensão, entendimento e comunicação com sua realidade, requisito indispensável para desempenhar-se corretamente frente a ela. A Expressão é a função mais importante da educação, pois aprendemos algo quando o percebemos, o elaboramos e o expressamos. Estimular  a percepção sobre a realidade, elaborar conceitos afins e expressar as próprias opiniões são as únicas tarefas reais de toda ação educadora”
       Assim, a sala de aula deverá ser um espaço onde se abrirá todas as possibilidades para se perceber a realidade e colocar em jogo todas as formas de expressão possíveis para pronunciar e significar o mundo entendendo que pronunciar significativamente a palavra é consequência de como se percebe a realidade, ou seja, ler a realidade é tomar consciência de como ela nos afeta e de como a significamos ao pronunciá-la.

VÁRIOS AUTORES / ANDRAGOGIA
          Andragogia é  a arte e a ciência de ajudar o adulto a aprender  sendo portanto a antítese do modelo pedagógico que significa, literalmente, a arte e ciência de ensinar crianças. O modelo pedagógico, aplicado também ao aprendiz adulto, persistiu através dos tempos chegando até o século presente e foi a base da organização do nosso atual sistema educacional. Esse modelo confere ao professor responsabilidade total para tomar todas as decisões a respeito do que vai ser aprendido, como será aprendido, quando será aprendido e se foi aprendido. É um modelo centrado no professor, deixando ao aprendiz somente o papel submisso de seguir as instruções do professor.
          A Andragogia significa, portanto, “ensino para adultos”. Um caminho educacional que busca compreender o adulto desde todos os componentes humanos, e decidir como um ente psicológico, biológico e social. Busca promover o aprendizado através da experiência, fazendo com que a vivência estimule e transforme o conteúdo, impulsionando a assimilação. O adulto, após absorver e digerir, aplica. É o aprender através do fazer, o “aprender fazendo”.
Jorge Larrosa e Walter Kohan, na apresentação da coleção “Educação: Experiência e Sentido”, acentuam a importância da experiência do aprendizado: “A experiência, e não a verdade, é o que dá sentido à educação. Educamos para transformar o que sabemos, não para transmitir o que é sabido”
      Adriana Marquez em palestra no Primeiro Encontro Nacional de Educação e Pensamento, na República Dominicana, cita: “A Andragogia na essência é um estilo de vida, sustentado a partir de concepções de comunicação, respeito e ética, através de um alto nível de consciência e compromisso social” complementa ainda:“As regras são diferentes, o mestre (Facilitador) e os alunos (Participantes) sabem que tem diferentes funções, mas não há superioridade e inferioridade, normalmente não é o mesmo que acontece na educação com crianças”
              Paulo Freire, em “Pedagogia do Oprimido”, afirma:
Ninguém educa ninguém, nem ninguém aprende sozinho, nós homens (mulheres) aprendemos através do mundo” Em “Pedagogia da Autonomia”, Freire diz: “ Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”
Eduard Lindeman, em “The Meaning of Adult Education" (1926), identificou, pelo menos, cinco pressupostos-chave para a educação de adultos e que mais tarde transformaram-se em suporte de pesquisas. Hoje eles fazem parte dos fundamentos da moderna teoria de aprendizagem de adulto:
1. Adultos são motivados a aprender à medida em que experimentam que suas necessidades e interesses serão satisfeitos. Por isto estes são os pontos mais apropriados para se iniciar a organização das atividades de aprendizagem do adulto.
2. A orientação de aprendizagem do adulto está centrada na vida; por isto as unidades apropriadas para se organizar seu programa de aprendizagem são as situações de vida e não disciplinas.
3. A experiência é a mais rica fonte para o adulto aprender; por isto, o centro da metodologia da educação do adulto é a análise das experiências.
4. Adultos têm uma profunda necessidade de serem autodirigidos; por isto, o papel do professor é engajar-se no processo de mútua investigação com os alunos e não apenas transmitir-lhes seu conhecimento e depois avaliá-los.
5. As diferenças individuais entre pessoas cresce com a idade; por isto, a educação de adultos deve considerar as diferenças de estilo, tempo, lugar e ritmo de aprendizagem.




Malcom Knowles, aborda comparativamente:

                            

 Papel
da
Experiência
Modelo Pedagógico
A experiência daquele que aprende é considerada de pouca utilidade. O que é importante, pelo contrário, é a experiência do professor.
ModeloAndragógico
Os adultos são portadores de uma experiência que os distingue das crianças e dos jovens. Em numerosas situações de formação, são os próprios adultos com a sua experiência que constituem o recurso mais rico para as suas próprias aprendizagens.
Vontade
de
Aprender
A disposição para aprender aquilo que o professor ensina tem como fundamento critérios e objetivos internos à lógica escolar, ou seja, a finalidade de obter êxito e progredir em termos escolares.
Os adultos estão dispostos a iniciar um processo de aprendizagem desde que compreendam a sua utilidade para melhor afrontar problemas reais da sua vida pessoal e profissional.
Orientação
da
Aprendizagem
A aprendizagem é encarada como um processo de conhecimento sobre um determinado tema. Isto significa que é dominante a lógica centrada nos conteúdos, e não nos problemas.
Nos adultos a aprendizagem é orientada para a resolução de problemas e tarefas com que se confrontam na sua vida cotidiana (o que desaconselha uma lógica centrada nos conteúdos)
Motivação
A motivação para a aprendizagem é fundamentalmente resultado de estímulos externos ao sujeito, como é o caso das classificações escolares e das apreciações do professor.
Os adultos são sensíveis a estímulos da natureza externa (notas, etc), mas são os fatores de ordem interna que motivam o adulto para a aprendizagem (satisfação, auto-estima, qualidade de vida,, etc)

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