PAULO
FREIRE / CONSCIENTIZAÇÃO
Por isso a alfabetização não pode se fazer de cima para baixo, nem de
fora para dentro, como uma doação ou uma exposição, mas de dentro para fora
pelo próprio analfabeto, somente ajustado pelo educador. Esta é a razão pela
qual procuramos um método que fosse capaz de fazer instrumento também do
educando e não só do educador e que identificasse, o conteúdo da aprendizagem
com o processo de aprendizagem...(FREIRE, 1979, p. 72)
“Conscientização" é definida
como o processo no qual as pessoas atingem uma profunda compreensão, tanto da
realidade sócio-cultural que conforma suas vidas, quanto de sua capacidade para
transformá-la. Ela envolve entendimento praxiológico, isto é, a
compreensão da relação dialética entre ação e reflexão. Freire propõe uma
abordagem praxiológica para a educação, no sentido de uma ação
criticamente reflexiva e de uma reflexão crítica que seja baseada na prática. Através
da Conscientização, o principio que concebe educação como reflexão sobre a
realidade existencial busca articular essa realidade com as causas mais profundas
dos acontecimentos vividos, procurando inserir sempre os fatos particulares na
globalidade das ocorrências da situação. A aprendizagem da leitura e da escrita
passa a ser uma releitura do mundo antes da leitura da palavra. O método Paulo Freire estimula a alfabetização/educação dos
adultos mediante a discussão de suas experiências de vida entre si, os
participantes da mesma experiência, através de tema/palavras gerador(as) da
realidade dos alunos, que é decodificada para a aquisição da palavra escrita e
da compreensão do mundo. O diálogo é o elemento chave onde o professor e
aluno são sujeitos atuantes.
No processo de aprendizado, o
alfabetizando ou a alfabetizanda é estimulado (a) a articular sílabas, formando
palavras, extraídas da sua realidade, do seu cotidiano e das suas vivências.
Nesse sentido, vai além das normas metodológicas e lingüísticas, na medida em
que propõe aos homens e mulheres alfabetizandos que se apropriem da escrita e
da palavra para se politizarem, tendo uma visão de totalidade da linguagem e do
mundo.
Pelo exposto
acima vimos que são dois os princípios do método: politicidade e dialogicidade do ato educativo.
Baseado neste pressuposto, cada
Espaço de Conhecimento tem inicio com a leitura e análise de um texto que serve
como pretexto para que se estabeleça o
diálogo, porque:
a) O
diálogo deve acontecer em torno de um tema comum às consciências do (a)
professor (a) e seus alunos e alunas;
b) É
preciso desenvolver as condições para que o diálogo se estabeleça;
c) Cabe
ao (à) professor (a) a iniciativa de desencadeá-lo;
d) O (a)
professor (a) não pode subestimar a capacidade dos seus alunos;
e) É
necessário considerar todos capazes para o diálogo;
f) É
preciso desafiar constantemente o pronunciamento do outro;
g) É
importante aceitar a condição de ser “aluno (a) com alunos (as)”;
h) Ao
mesmo tempo o (a) professor (a) necessita ter um domínio profundo dos conteúdos
e dominar as formas mais eficazes de ensinar para (re) alimentar e (re) orientar
o diálogo.
EMILIA
FERREIRO / PSICOGÊNESE DA LEITURA E DA
ESCRITA

Emilia Ferreiro e Ana Teberosky
realizaram pesquisas sobre o processo do conhecimento da escrita e da leitura
em crianças e adultos não escolarizados
e descobriram que o alfabetizando ao tentar compreender o que a escrita
representa e como representa, vai
formulando hipóteses explicativas para suas dúvidas. O alfabetizando vai
compreendendo que a escrita representa a fala e que há um sistema, uma
organização própria para escrever. À medida que vai encontrando respostas
parciais, vai construindo o conhecimento da escrita e da leitura. A formulação
dessas hipóteses, permeada por conflitos cognitivos e a passagem de um nível a
outro do conhecimento da escrita é o momento da gênese, da origem de um novo
conhecimento. Surge então uma nova etapa na compreensão no processo da escrita.
Ferreiro
identificou os seguintes níveis:
·
Pré-silábico – o aluno acredita que pode
escrever com grafismo, desenhos, números e sinais gráficos como modelo de letra
cursiva.
·
Silábico: - o aluno percebe que cada som tem um sinal gráfico
·
Silábico-Alfabético – é a transição entre o
nível silábico e o alfabético e inicio da fonetização da silaba.
·
Alfabético – o aluno escreve como fala ou
seja foneticamente. Neste nível o aluno atingiu a compreensão do sistema da
escrita alfabética.
MAGDA
SOARES / LETRAMENTO

Para os professores
que trabalham com alfabetização, Magda recomenda: “Alfabetize letrando sem
descuidar da especificidade do processo de alfabetização, especificidade é
ensinar ao aluno e ele aprender” O aluno precisa entender a tecnologia da alfabetização.
Há convenções que precisam ser ensinadas e aprendidas, trata-se de um sistema
de convenções com bastante complexidade. O estudante (além de decodificar letras
e palavras) precisa aprender toda uma tecnologia muito complicada: como segurar
o lápis, escrever de cima pra baixo e da esquerda para a direita; escrever numa
linha horizontal, sem subir ou descer. São convenções que os adultos letrados
acham óbvias, mas que são difíceis para os não letrados.
ERASMO NORBERTO
FERREYRA / PERCEPÇÃO E EXPRESSÃO.

Assim, a sala de aula deverá ser um
espaço onde se abrirá todas as possibilidades para se perceber a realidade e
colocar em jogo todas as formas de expressão possíveis para pronunciar e
significar o mundo entendendo que pronunciar significativamente a palavra é
consequência de como se percebe a realidade, ou seja, ler a realidade é tomar
consciência de como ela nos afeta e de como a significamos ao pronunciá-la.
VÁRIOS AUTORES / ANDRAGOGIA
Andragogia é a arte e a ciência de ajudar o adulto a
aprender sendo portanto a antítese
do modelo pedagógico que significa, literalmente, a arte e ciência de ensinar
crianças. O modelo pedagógico, aplicado também ao aprendiz adulto,
persistiu através dos tempos chegando até o século presente e foi a base da
organização do nosso atual sistema educacional. Esse modelo confere ao professor
responsabilidade total para tomar todas as decisões a respeito do que vai ser
aprendido, como será aprendido, quando será aprendido e se foi aprendido. É um
modelo centrado no professor, deixando ao aprendiz somente o papel submisso de
seguir as instruções do professor.
A Andragogia significa, portanto,
“ensino para adultos”. Um caminho educacional que busca compreender o
adulto desde todos os componentes humanos, e decidir como um ente psicológico,
biológico e social. Busca promover o aprendizado através da experiência,
fazendo com que a vivência estimule e transforme o conteúdo, impulsionando a
assimilação. O adulto, após absorver e digerir, aplica. É o aprender através do
fazer, o “aprender fazendo”.
Jorge Larrosa e Walter Kohan, na
apresentação da coleção “Educação: Experiência e Sentido”, acentuam a
importância da experiência do aprendizado: “A experiência, e não a verdade,
é o que dá sentido à educação. Educamos para transformar o que sabemos, não para
transmitir o que é sabido”
Adriana Marquez em palestra no Primeiro Encontro
Nacional de Educação e Pensamento, na República Dominicana, cita: “A
Andragogia na essência é um estilo de vida, sustentado a partir de concepções
de comunicação, respeito e ética, através de um alto nível de consciência e
compromisso social” complementa ainda:“As regras são diferentes, o
mestre (Facilitador) e os alunos (Participantes) sabem que tem diferentes
funções, mas não há superioridade e inferioridade, normalmente não é o mesmo
que acontece na educação com crianças”
Paulo Freire, em “Pedagogia do Oprimido”, afirma:
“ Ninguém educa ninguém, nem ninguém aprende sozinho, nós homens (mulheres) aprendemos através do mundo” Em “Pedagogia da Autonomia”, Freire diz: “ Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”
Paulo Freire, em “Pedagogia do Oprimido”, afirma:
“ Ninguém educa ninguém, nem ninguém aprende sozinho, nós homens (mulheres) aprendemos através do mundo” Em “Pedagogia da Autonomia”, Freire diz: “ Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”
Eduard Lindeman, em
“The Meaning of Adult Education" (1926), identificou, pelo menos, cinco
pressupostos-chave para a educação de adultos e que mais tarde transformaram-se
em suporte de pesquisas. Hoje eles fazem parte dos fundamentos da moderna teoria
de aprendizagem de adulto:
1.
Adultos são motivados a aprender à medida em que experimentam que suas
necessidades e interesses serão satisfeitos. Por isto estes são os pontos mais
apropriados para se iniciar a organização das atividades de aprendizagem do
adulto.
2. A
orientação de aprendizagem do adulto está centrada na vida; por isto as
unidades apropriadas para se organizar seu programa de aprendizagem são as
situações de vida e não disciplinas.
3. A
experiência é a mais rica fonte para o adulto aprender; por isto, o centro da
metodologia da educação do adulto é a análise das experiências.
4.
Adultos têm uma profunda necessidade de serem autodirigidos; por isto, o papel
do professor é engajar-se no processo de mútua investigação com os alunos e não
apenas transmitir-lhes seu conhecimento e depois avaliá-los.
5. As
diferenças individuais entre pessoas cresce com a idade; por isto, a educação de
adultos deve considerar as diferenças de estilo, tempo, lugar e ritmo de
aprendizagem.
![]() |
Malcom Knowles, aborda comparativamente: |
Papel
da Experiência |
Modelo Pedagógico
A experiência daquele que aprende é considerada de pouca utilidade. O
que é importante, pelo contrário, é a experiência do professor.
|
ModeloAndragógico
Os adultos são portadores de uma
experiência que os distingue das crianças e dos jovens. Em numerosas
situações de formação, são os próprios adultos com a sua experiência que
constituem o recurso mais rico para as suas próprias aprendizagens.
|
Vontade
de Aprender |
A disposição para aprender aquilo que o professor ensina tem como
fundamento critérios e objetivos internos à lógica escolar, ou seja, a
finalidade de obter êxito e progredir em termos escolares.
|
Os adultos estão dispostos a
iniciar um processo de aprendizagem desde que compreendam a sua utilidade
para melhor afrontar problemas reais da sua vida pessoal e profissional.
|
Orientação
da Aprendizagem |
A aprendizagem é encarada como um processo de conhecimento sobre um
determinado tema. Isto significa que é dominante a lógica centrada nos
conteúdos, e não nos problemas.
|
Nos adultos a aprendizagem é
orientada para a resolução de problemas e tarefas com que se confrontam na
sua vida cotidiana (o que desaconselha uma lógica centrada nos conteúdos)
|
Motivação
|
A motivação para a aprendizagem é fundamentalmente resultado de
estímulos externos ao sujeito, como é o caso das classificações escolares e
das apreciações do professor.
|
Os adultos são sensíveis a
estímulos da natureza externa (notas, etc), mas são os fatores de ordem interna
que motivam o adulto para a aprendizagem (satisfação, auto-estima, qualidade
de vida,, etc)
|
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